Para chegares ao lugar que não conheces, diz com voz suave João da Cruz, "deves escolher o caminho que não conheces". Somos criados num meio que dá valor à afirmação, que confere nome às coisas,que identifica os homens pelo uso que se deseja fazer deles. Por isso somos limitados pela banalidade e pela mera aparência, como o Quixote com seus livros de cavalaria, inventando princesas ou vilões e vendo gigantes em moinhos de vento. O que nos livra das miragens é a recusa a dar nomes e a produzir explicações. O monge descobre que, quando aprende a se calar, Deus o chamará filho. Antes disso, ele ouvirá sempre a si mesmo com voz emprestada, falando do que não sabe. Depois disso ele talvez possa ouvir "O som do silêncio". O livro traz pensamentos para o dia-a-dia, que renovam.